Apesar de tudo planejado com certa antecedência e algumas reuniões de alinhamentos prévio, a realidade nos surpreendeu em Zahlé. Isso nos fez sair do plano A para o B e improvisarmos planos até Z.
Foi o dia de “tirar nosso verniz”, como diziam no exército, foi o choque com a realidade. Tínhamos que fazer triagem de pacientes que só falavam árabe, na sua maioria tímidos e com uma família numerosa. O problema era que cada membro da família necessitava de um cuidado especifico: dor de dente, pediatria, ortopedia, cardiologia, etc…foi então que percebemos a necessidade de mudança na forma como estávamos encaminhando as pessoas aos respectivos atendimentos.
Os médicos receitavam medicamentos em inglês mas sem, de fato, conhecer as opções disponíveis aqui no Líbano, além disso, dentistas necessitavam de inúmeros materiais para os procedimentos iniciais. Resultado, nossa conta na farmácia foi altíssima logo no 1° dia de missão. Eu, como financeiro da viagem, entrei em pânico e implantamos rapidamente um plano de eficiência total para os demais dias. Com isso, padronizamos as medicações e as categorizamos por grupos de doenças, conseguimos usar as sobras dos americanos e compartilhar as caixas de remédios com mais de um paciente, ou seja, somente o necessário para o tratamento.
Foi no primeiro dia também que percebemos que “ser um refugiado”, independe de classe social, religião ou cultura. Atendemos muitas pessoas pobres e outras com alto grau de escolaridade, tais como engenheiros, administradores e até um médico refugiado, impedido de voltar ao seu país, apareceu para nos ajudar.
Com tudo isso, estávamos esgotados no final do dia, mas felizes com o que Deus havia preparado. Atendemos cerca de 120 pessoas, entre homens, mulheres e crianças.